Para nós

A tinta que te corre nas veias

Sempre que estamos juntos redesenhas o meu corpo. Como que procurasses acentuar todos os meus traços, só para te certificares que nada se deixa desvanecer. Ou esquecer. E desenhas-me, mais uma vez. Longa. Leve. Suave. Mente. Ofegante, mas refém dos teus pensamentos. Adormeces do mundo e naufragas em mim. Sem que te falte cor nos teus traços, garantes-me que a tinta que te corre nas veias, se faz proferir. E desenhas-me. Outra vez. Incessantemente. Descuidado. Retido nos demais rabiscos que teimas em não concluir. Persistes. Convicto de que algures no amanhã me firmaste em ti. Esquecido de que não me tens. Desenhas-me. Conservas-me. E seguras todas essas tuas linhas. Sem te dares conta de que são apenas isso, linhas. Fundas. Densas. Cheias. De ti. Dos teus desejos e fantasias. Das tuas vontades e quereres. De ti. Não de mim.

Remata-me. Faz-nos traços um do outro.

… Deixa Ser …

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