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O que é isto de “saber dizer adeus”?
Vamos continuar a nossa conversa sobre este cuidar de ti? Falámos em abrandar. Num observar e reflectir. Na mudança. Nas pequenas mudanças que te levam a uma maior. Num olhar para os teus sentimentos. E não te esqueceres de sentir o teu corpo. Num mudar de perspectiva, que transforma sustos em noites bem dormidas. No saber recusar e não te deixares voltar ao lugar que te consumiu. Falámos em tirares tempo para ti. E terminámos com um saber dizer adeus. Hoje é aqui que vamos começar. O que é isto de “saber dizer adeus“? Não estamos a falar de outra coisa que não as nossas escolhas. Saber dizer…
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Cuidar de nós (Uma conversa sobre amor próprio)
Hoje escrevo-vos num registo diferente. O Deixa Ser tem esta característica maravilhosa de poetizar as palavras e deixar o amor nas entrelinhas, mas a verdade é que, por vezes, sinto que preciso de ser mais concisa para que me leiam com maior clareza. Gosto de deixar os sentimentos entre pontos finais. Gosto de escrever para cada um e sentir que as leituras de todos são diferentes. Que o que sinto e vos entrego me sai de uma forma e, que vos chega de várias e tão próprias de cada um de vocês. Mas chegou a altura de falar de um tema que eu quero que se comece a ver mais…
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Que nada, nem mesmo o amor, o permita desistir de si
Vivemos num lugar de partilha. Que nos convida a trocar emoções. Que nos oferece ao coração dos outros. Que nos leva alguns do peito. Vivemos num lugar de chegadas. E partidas. Construímos caminhos. Arrumamos memórias. E amanhã é dia de dar. Ou receber. Vivemos neste lugar incerto. Onde nunca nos dizem se hoje é altura de dar o que temos, de receber o que não temos. De oferecer o mundo. De receber um susto. Vivemos num lugar de imprevistos. Cruzamo-nos com o amor. Temos a sorte de o abraçar, por vezes. Ou de o soltar também. Vivemos neste lugar cheio onde o mais importante é que nos sintamos sempre inteiros…
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Selfie – Marcos Caruso
Fomos ver o “Selfie”… e que peça! Esta história fez-nos rever um bocadinho a nossa, porque, na verdade, o telemóvel já é quase extensão da nossa mão. E é mesmo isto que é ali retratado. Cláudio, vive hiper ligado ao mundo digital e guarda toda a sua vida no seu computador, redes sociais e nuvens de armazenamento. A sua preocupação era que estes sistemas fossem sempre mais e melhores e quando se vê sem eles, perde não só toda a informação guardada como todo o seu passado. E viver a partir dali? É um pouco isto que, hoje, somos. Não nos orientamos sem peso no bolso. Guardamos tudo no telemóvel,…
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“Isso é Psicológico”
Pensei algumas vezes antes de escrever este texto. Primeiro porque acredito que o que me foi dito, de todas as vezes, não tenha sido com intenção de me mandar para de onde vim. Mas também, porque respeito a profissão. Independentemente de todas as suas falhas. Porque já a vi salvar vidas. Porque tinha uma enorme na família. E porque conheço muitos outros entre amigos. Nos últimos dois anos corri mais de 7 médicos à procura de respostas. Sabia que os sintomas não eram da minha cabeça. Sabia que alguém me havia de ouvir. Mas voltei sempre para casa com as respostas que não queria. O “ah isso é psicológico” foi…
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Todas As Coisas Maravilhosas – Ivo Canelas
Todas as coisas maravilhosas é uma peça que nos leva a sentir todas as emoções maravilhosas vividas pelo seu autor. Num monólogo, na primeira pessoa, é-nos revelada, de forma bastante própria, uma lista. Uma lista de todas as coisas maravilhosas. Maravilhosas para ele. Maravilhosas para nós. Maravilhosas por serem tão simples. Maravilhosas por nos fugirem das mãos. A peça relaciona-se com a morte, mas celebra a vida. A sua personagem principal, fala-nos da tentativa de suicido da mãe e de como essa tristeza o fez começar a numerar todas as coisas maravilhosas que a vida ainda tinha para lhe oferecer. Esta força interior, que um pequeno rapaz de 7 anos…
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Teacher perceived difficulty in implementing differentiated instructional strategies in primary school – Sergio Gaitas e Margarida Alves Martins
“É impossível ser-se professor, porque ou estamos na acção ou estamos na reflexão” Freud Quis começar com esta frase porque depois da leitura extensa que fiz sobre este tema é isto que me salta à vista como a maior dificuldade dos professores. Ser professor é a maior dificuldade dos professores. Porque um professor tem que ser esta constante “dança” entre estes dois pontos: a acção e a reflexão. Não pode existir uma acção sem que se reflicta sobre ela, mas também não pode existir uma reflexão sem que, depois se espelhe o seu fruto, na acção do professor. Ser professor não é tarefa fácil, porque o professor é requerido…
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Pedro e Inês – António Ferreira
Entre a doçura das palavras de dor de Pedro, somos convidados a assistir a uma história de amor. Que como todas, não acaba bem. Pedro encontra-se mergulhado no seu sofrimento, como se de si, apenas o corpo restasse. O corpo e as memórias, que nele perduram. Este filme é-nos apresentado em três tempos, porque na verdade os desgostos de amor são de todas as épocas. De qualquer um. E esse é o propósito desta ideia. Mostrar o quão actual e futura é esta história de amor. Somos emaranhados nas palavras de Rosa Lobato Faria, adaptadas agora ao grande ecrã, desde o segundo em que Pedro abre os olhos e a…
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Leviano – Justin Amorim
Tudo pronto? Acção! O filme começa e apresentam-nos a família Paixão. Mãe e três filhas. Anita, Adelaide, Júlia e Carolina, Paixão. E cada uma espelha paixões diferentes. Vive, por paixões diferentes. O filme começa e nada sabemos sobre alguma delas. Mas quando termina, também não. Sabemos o que as une. Sabemos o que as separa. Sabemos que vivem sobre essa linha ténue entre o amor e o ódio. E não sabemos mais. Ou talvez saibamos. Antes. Ou até depois. Conhecemos a sua história e o que as levou até aquele dia, por intermédio de pequenos episódios, que nos vão chegando em analepses. Simpatizamos com alguns traços de personalidade, outros, nem…
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Cassiopeia – Miguel Graça
Miguel Graça envolve-nos, a cada texto, num constante diálogo de dualidades, coberto de segredos e incertezas. Esta sua peça foi o espelho de mais um brilhante texto, cheio de… Quantos já se amaram aqui? E quantos já deixaram de o fazer ? Traz-nos tantas dúvidas quanto certezas. Traça tantos caminhos, como descaminhos. Faz-nos deduzir uma série de relações e depois rouba-nos tudo. Num segundo eram amantes, no outro, irmãos. Num segundo era amor. No outro, dor. E somos capazes de inferir tudo isto, acreditando em todos os cenários que as personagens constroem e nos fazem crer que estamos certos. E apenas existia um sofá, 55 plantas e dois bancos. 55…