Cheio de Nada. Cheio de mim.
Não vos distingo. Não vos sei perceber. Se por um lado atraso o passo, por outro corro por aí. Sem que se me esclareçam emoções desalinhadas. Completamente perdida. Suspensa. No desconforto desta inquietude sinto-vos. Despem-me de contornos. Reescrevem-me. Confinada aos vossos quereres, sou. Sou descoberta de saberes. Num desgaste confortante. Sou. Conheço-me, revestida dessas vossas vontades que intentam cimentar em mim. Sou. Sopro. Eis-me pó. Sustento-me refém de tamanhas incertezas. Com que me visto e existo, todos os dias. Aqui, sei-me injusta. Por tudo o que não vos digo. Por tudo o que não vos sei dizer. Aqui, sei-me nua. Como quem nunca saberá assim de mim. Aqui, sei-vos nada. Sem saber como me ser aí. Existo. Suja. E deixo que se ocupem desse lugar. Envolto em silêncios e palavras em branco. Cheio de nada. Cheio de mim.
… Deixa Ser …