Dois corpos despidos mas tão contidos ao mesmo tempo
Sei-me insegura. Não de mim. Mas do que nos espera. Ou do que me espera. Caminhamos no desconhecido e, pela primeira vez, caminho separada de ti. Encontramo-nos nos entretantos. Sorrimos. Há um sossego demasiado doce em ti. Trocamos vontades, beijamos desejos. E voltamos a seguir caminho. Sem que levemos connosco o que trocámos. Sem que guardemos connosco o que beijámos. Num pisar de chão irregular, que não nos permite sentir, que não nos permite amar, mas que nos faz querer voltar. Caminhamos neste limiar. Que resulta nas nossas dúvidas, que se resolve nas nossas constatações. Mas que nos faz querer voltar. E não há grandes explicações. Sorrimos. Juntos, somos esta forma bonita de ser, que simplifica o momento em que cruzamos olhares, e nos permite este abraço caloroso, entre dois corpos despidos mas tão contidos ao mesmo tempo. Temos o olhar despovoado. Não nos temos um ao outro. Temos o olhar tão cheio. Queremo-nos tanto um do outro. E neste tudo que não precisa de mais nada, sei-me insegura do que vem aí. Das palavras que vamos trocar. Dos momentos que vamos vivenciar. Mas é um misto. Constante. Porque me sinto igualmente segura, assim que te chegas a mim. E basta-nos isto. Este estar. Inseguro e tão seguro ao mesmo tempo.
… Deixa Ser …