Está a ser bom
Digamos que ter-te aos bocadinhos está a ser bom. Fazes questão de aparecer nas minhas mais caóticas manhãs, procuras-me mesmo que seja para um encontro de cinco minutos. Preocupas-te, com a minha concentração no trânsito das cinco, não te deitas, sem antes te despedires e ainda juras, fazer exercício pelos dois. Está a ser bom. Ter-te aos bocadinhos. E perceber que também tu, aos bocadinhos, me vais tendo. De uma maneira ou de outra. Mas vais tendo. Por entre esses teus assaltos à minha rotina. Vais tendo. E escreves-me. Tal como eu te escrevo e desenho as tuas primeiras impressões. Estou segura de que fazes o mesmo. Escrevemo-nos, para que nada nos escape. Desenhamo-nos, para que nos conheçamos melhor. Mesmo sabendo que no fim, não passarão de rabiscos e tentativas falhadas, de adivinharmos o que vem a seguir. Porque no fundo, essa é a única verdade que nunca vamos poder ter como certa.
Espera, és tu quem me está a bater à porta?