Falámos de nada
Falámos. Falámos de sentimentos, emoções e desejos. Falámos de amor, de nós. Falámos de felicidade, de saudade. No fundo, de nada. Falámos de nada. Nunca falámos em nada. Nem no que queríamos. Falaste por segundos, sob o céu e as estrelas, em fazer-me feliz. Dizias tu. Querias fazer-me feliz. Mas nunca deduziste que não se é feliz em silêncio. Não é por as saudades falarem mais alto que se é feliz em silêncio. E essas noites… de “segundos” não passavam de um ir e vir com a sensação de que nos estávamos a usar. Confessa, com o mesmo fim. Não nos soubemos manter. Não nos soubemos manter no amor. Porque amar é estar junto. Estar junto para as coisas boas e más. Estar junto para suportar o pior e o melhor. Estar junto na vida. Nas curvas. Nas contra-curvas. Estar junto no amor. Não se está junto só para “namorar”. Não se está junto na cama. Muito menos, sobre o silêncio. E nós, meu amor, nunca estivemos juntos. Enfim. Deixei um “sê feliz”. Não consigo ter-te por perto. Vim embora, de coração apertado. Mas não me posso deixar afundar contigo, nesses teus dias sem cor. Não sem palavras. Não sem explicações. Não sem a partilha de absolutamente nada. E sem recomeços. Porque amar não chega para suportar uma vida cheia desses teus silêncios ensurdecedores.
… Deixa Ser …