Não guardo nem um segundo dessa felicidade dissimulada
Os dias não esperam que me recomponha. Forçaram-me a continuar. Não temos tempo para nos reter no passado. Não temos tempo para viver no que deixou de existir. E chega uma hora em que as memórias se confundem entre emoções distantes e na verdade o que fica, torna-se impreciso. Não sei distinguir. Um ano de memórias que não se deteve dentro de mim. Fica, o que ainda resta do pouco do que não se confundiu. Entre pretextos e equívocos, entre ilusões e constatações. Fica. Pouco. Muito pouco. E num acordar, nesse acordar, já não dói assim tanto. Já não dói, nem metade. Fica, essa linha ténue da felicidade que senti nesse tempo. Ficam, pequenas palavras que no silêncio da noite ainda se fazem proferir. Fica, o pouco que me lembro de bom. Apaga-te, o tanto que deixaste de mau. Já não te revivo como quem espera nesse desassossego de um dia, poder voltar atrás. Já não te revivo como quem crê nessa cega ligação perpétua. Já não te revivo nas tuas cartas de amor. Já não te revivo no lado esquerdo do peito. Chega uma hora em que o coração fala mais alto. Leva o seu tempo, mas fala-te a ti. Por ti. Para ti.
-O que sentes são as sobras de uma amargura indigna.
– O que sinto são as sobras de um fingido amor execrável.
– Foi o que eu disse.
Amanhã é tempo de continuar.
… Deixa Ser …