O que é isto de “saber dizer adeus”?
Vamos continuar a nossa conversa sobre este cuidar de ti?
Falámos em abrandar. Num observar e reflectir. Na mudança. Nas pequenas mudanças que te levam a uma maior. Num olhar para os teus sentimentos. E não te esqueceres de sentir o teu corpo. Num mudar de perspectiva, que transforma sustos em noites bem dormidas. No saber recusar e não te deixares voltar ao lugar que te consumiu. Falámos em tirares tempo para ti. E terminámos com um saber dizer adeus. Hoje é aqui que vamos começar.
O que é isto de “saber dizer adeus“?
Não estamos a falar de outra coisa que não as nossas escolhas. Saber dizer adeus é saber escolher. E não é errado fazermos escolhas. Principalmente se for para o nosso bem.
Escolher com quem partilhas as tuas histórias. Escolher para onde caminhas todos os dias. Escolher com quem estás. Onde páras. Para onde vais. Escolher nunca vai ser tarefa fácil. Até porque vivemos num lugar onde as nossas escolhas afectam outros. Onde o que eu decido implica consequências nos outros. Mas o pensamento primeiro deves ser sempre tu.
Como te sentes? Estás confortável? O teu pensamento está despreocupado? E fisicamente? Sentes alterações?
Se a resposta a estas perguntas te fizer ver que está tudo bem é porque estás a cuidar bem de ti.
Se a resposta a estas perguntas evidenciar o teu desconforto, a ansiedade que habita em ti, então está na altura de fazer algumas escolhas.
Por muito duro que seja fazê-las ou difícil que seja enfrentá-las, está na hora.
Coloca-te sempre em primeiro lugar e questiona-te.
Porque estás nessa situação? Porque é que escolheste esse lugar? O que te está a incomodar? Perdeste o controlo da situação? Quando? Já te sentiste melhor antes? O que mudou? Queres sentir-te assim por mais quanto tempo? Até que ponto vale a pena estares assim? Viveres assim? Continuares assim?
Reorganiza o teu pensamento. Percebe de onde vêm as preocupações. Lembra-te do momento em que ainda te sentias seguro/a. Tranquilo/a. Equilibrado/a. Física e emocionalmente.
E volta a questionar-te.
O que podes fazer para mudar? Quais as opções que tens?
Está na hora de avançar. De agarrar essa escolha que te oferece um voltar a respirar. Já sabes… Se não deres um primeiro passo nunca sairás do teu lugar.
Escreve. Elabora um discurso. Ou não. Não uses palavras. Fá-lo da forma que for mais confortável para ti. E depois de tudo isso, de te encheres de coragem, faz a tua escolha, seguro/a de que o lugar para onde caminhas é sempre melhor do que esse, de onde vens. Porque a escolha que estás a fazer é, sem qualquer dúvida, o melhor para ti, naquele momento. E aquilo que sentires de seguida, será sempre para evitar uma dor maior. Será sempre um cuidar de ti e um recompor do teu estado emocional.
Precisamos de fazer escolhas porque nós merecemos ter paz.
Às vezes é preciso protegermo-nos. Às vezes o mais seguro é este distanciar. Para voltarmos recuperados/as. E continuarmos esta caminhada, de pedra e cal.
Seguros/as de nós. Do nosso valor. E da importância que é não nos esquecermos de nos relembrar disto. Todos os dias.
—
Termino este texto tal e qual o anterior. Este escolher é sinónimo de protecção. De respeito. Por ti. Pelo que sentes, pelo que queres, e pela pessoa que és. Tu és mais importante que qualquer tristeza, desilusão, situação laboral, relação e amizade. Tu és quem deve estar no topo da tua lista de prioridades. E isso não significa egoísmo. Há quem lhe chame amor próprio. Eu prefiro dizer que é um cuidar de nós.
Mas nunca te esqueças, que as tuas decisões vão sempre implicar outros, com iguais sentimentos, com tamanha importância e apesar de olhares para ti em primeiro lugar, fá-lo da melhor forma para quem fica para trás. Encontra esse meio termo, em que escolhes ser feliz, mas não levas a felicidade dos outros. Não temos esse direito. Mas vai com fé! E leva coragem!
Escolher é saber que as escolhas que fazemos precisam de toda a nossa coragem do seu lado.
… Deixa Ser …