Do mundo

Perspectivas (Situación Actual De La Educación En Los Museos De Artes Visuales) – María Acaso

Um texto. Em tempos, numa primeira abordagem com a mediação das artes, foi-me dado um texto. Li-o uma primeira vez, confesso que na diagonal, e percebi pouco. Li-o uma segunda e terceira vez, mais a fundo, e percebi pouco. Por momentos, senti-me sozinha, numa sala onde todos falavam do mesmo e de mim não saiam palavras. Congelei. Seria suposto eu ter assimilado alguma coisa? Seria suposto eu não ter assimilado coisa alguma? Apercebi-me de que não era a única. Algures, naquela sala tão pequena que asfixiava todas as ideias que supostamente me chegavam sobre mediação, não era a única. Outros tantos também se encontravam de pensamento vazio. Ou cheio. Confuso. Pediram-nos para mediar. Mas mediar o quê? As propostas eram simples: lua, sombra, corpo, tempo, espaço, cheiro. Simples certo? Então porque é que eu precisava de mais?  Porque é que vivemos nesta constante de querer sempre mais? De querer mais explicações, mais conteúdos, mais virgulas, mais palavras, mais respostas, mais! Porquê? Porque é que nos educam a querer sempre mais? A nunca estar satisfeito? Porquê? Porque é que nos levam a tomar uma posição? A dizer que não? Que não é suficiente? Porquê? Porque é que nos incentivam a ter um papel tão crítico? Porquê? Há sempre qualquer coisa em falta, que aos nossos olhos, completa o que vem a seguir. Há sempre qualquer coisa em falta, que mesmo de completa, continua imperfeita. Há sempre. Somos educados consoante uma pedagogia crítica. Somos incentivados a procurar, a criticar, a desmistificar, a contrariar. Somos incentivados a reformular, a reestruturar, a refazer e a recriar. Somos incentivados a dizer que não. Porque não é suficiente. Mas vivemos bem. Vivemos vestidos de crítica. A cada olhar, fazemos juízos. A cada palavra, geramos opiniões. Destrutivas. Pessimistas. Negativas. Críticas. E porquê? Fomos buscar a tecnologia. Fomos. Porque precisávamos de mais. E agora? Agora olhando para trás, secalhar não havia essa necessidade. Ou havia. Mas talvez não fosse este, o caminho que lhe estamos a dar, o mais certo. Usamos a tecnologia como um meio para fazer arte. Usamos a tecnologia como um “material” imaterial. Usamos a tecnologia por acharmos que é algo que acrescenta alguma coisa à arte. Mas no fundo, não faz mais do que a tinta, a argila ou a cera. Ou talvez faça. Talvez até seja um bom canal comunicação. Talvez incentive a participação do visitante, ou até traga o discurso audiovisual para o campo das artes. Talvez nos faça menos críticos. Talvez. Esta é a nossa pedagogia. A do amanhã. A do “não é bem isso”. A do “falta aí qualquer coisa.” A do “não concordo nada com o que está aí”. Maria Acaso é a favor de uma pedagogia regenerativa. Não porque precisa de mais, mas porque precisa de menos. Menos “mais”. Maria Acaso é a favor de mais textos sem explicações. Sem porquês. Sem criticismos. É a favor de mais “faz” e menos “entende”. De mais “vive” e menos “procura”. De mais “sentimentos” e menos “pensamentos”. A arte vista do ponto de vista de uma pedagogia regenerativa, é vivida por completo. É vivida na sua plenitude. Leva o seu público a tomar decisões para conseguir chegar até si. Leva o seu público a encontrar o seu caminho sem porquês. Leva o seu público a criar algo novo, diferente, a partir de novas forças. Novos centros. Sem informação a mais. Com os dados certos e faz-nos crescer sem que tenhamos essas consciência. Maria acaso é a favor de luas, sombras, corpos, tempos, espaços e cheiros. De “vão lá para fora e criem”. De “responde antes de perguntar”. De “quando for tempo, saberás.” E não é que sabes mesmo?

Recensão Crítica do Texto

Capítulo 1.1.3 e 2.1.1

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