Que nada, nem mesmo o amor, o permita desistir de si
Vivemos num lugar de partilha. Que nos convida a trocar emoções. Que nos oferece ao coração dos outros. Que nos leva alguns do peito. Vivemos num lugar de chegadas. E partidas. Construímos caminhos. Arrumamos memórias. E amanhã é dia de dar. Ou receber. Vivemos neste lugar incerto. Onde nunca nos dizem se hoje é altura de dar o que temos, de receber o que não temos. De oferecer o mundo. De receber um susto. Vivemos num lugar de imprevistos. Cruzamo-nos com o amor. Temos a sorte de o abraçar, por vezes. Ou de o soltar também. Vivemos neste lugar cheio onde o mais importante é que nos sintamos sempre inteiros de um eu inacabado. Que se deixa passear. Conhecer. E chegar. Que se deixa entregar, viver e amar. Mas que tudo isso, ao pé de si mesmo, seja pequeno. Tão pequeno que nada, nem mesmo o amor, o permita desistir de si. E da imensidão que somos desabitados. Porque seremos sempre pedaços daqueles com quem partilhamos o céu. Sim. Mas seremos sempre maiores quando olharmos para nós, rodeados de gente, e nos permitirmos amar exactamente o que vemos. Somos a inteira metade de nós próprios. E o resto, são detalhes que nos trazem histórias. Nos enchem de memórias. E nos fazem seguir.
Mais cheios. Mais vazios.
Mas sem medo de continuar a sorrir.
… Deixa Ser…