Talvez sim
Foi o tempo que te dediquei que fez de ti alguém tão importante. Acho que nunca te tinha dito. Mesmo que não desses por isso. Foram todas essas conversas onde não fizemos contas ao tempo, que fizeram de ti alguém tão importante. Foram todos esses meus “nada” sempre cheios de tudo, que nos trouxeram até aqui. Foram. Por vezes penso que se tivesses sido mais claro, talvez não estivéssemos aqui. Ou se, por ventura, eu tivesse sido menos penosa de chegar, talvez já estivéssemos noutro lugar. Talvez não. Por vezes penso que talvez fosse melhor dizeres-me quando é que te aconteceu cessares-me assim em ti. Ou porquê. Talvez não. Perco o norte. Há dias, em que acendes em mim a esperança de ainda te poder ter. Tarde ou cedo. Há dias em que sim. Ou pelo menos parece que sim. Noutros, sopras com mais afinco e todas as velas que se sustentavam nessa espectativa, escurecem o mundo. O meu. Assim, de uma só vez. Ao que parece, algures neste mundo de dissabores, um outro coração encantou esse teu. Espelhou numa ânsia maior o prazer que é ter-te no peito. E fez-te levar. Por vezes gostava que me dissesses quando. Ou porquê. Talvez não. Custa um bocadinho caminhar sobre tantas incertezas. Podia ser uma caminhada mais dura, se não estivesses aqui. Tão perto. Talvez tenha sido o tempo que não te dediquei que fez de mim alguém menos importante. Talvez não. É justo. Agora é tempo. De entrar num novo ano. De te deixar tudo o que ficou por dizer. De conceber novos desejos. De te segredar que em mim cabem estes. Quero-te onde mais queres estar. Quero que encontres esse teu lugar. Quero-te feliz. Quero que vivas sobre tudo o que mereces. Quero que te encaminhes. Mesmo sem mim. Mas quero que leves contigo todas as minhas certezas para que nunca restem dúvidas. Para que nunca te sintas a caminhar sozinho. E quando mais precisares, não deixes que os medos tomem conta de ti. Vou estar mesmo um passo atrás. Mais perto. Por vezes gostava de poder recuar no tempo. Talvez não. Talvez sim. Desejo-te tudo. Desejo-nos mais. Feliz ano novo.
… Deixa Ser …
