Do mundo

Todas As Coisas Maravilhosas – Ivo Canelas

Todas as coisas maravilhosas é uma peça que nos leva a sentir todas as emoções maravilhosas vividas pelo seu autor. Num monólogo, na primeira pessoa, é-nos revelada, de forma bastante própria, uma lista. Uma lista de todas as coisas maravilhosas. Maravilhosas para ele. Maravilhosas para nós. Maravilhosas por serem tão simples. Maravilhosas por nos fugirem das mãos. A peça relaciona-se com a morte, mas celebra a vida. A sua personagem principal, fala-nos da tentativa de suicido da mãe e de como essa tristeza o fez começar a numerar todas as coisas maravilhosas que a vida ainda tinha para lhe oferecer. Esta força interior, que um pequeno rapaz de 7 anos tem, maior que qualquer outra pessoa dentro daquela sala, faz-nos ver a importância de reconhecermos, e de nos deslumbrarmos com as coisas que nos rodeiam, por mais pequenas que sejam. Gelados. Era o número 1. E de facto é uma das coisas maravilhosas que a vida tem para nos oferecer no calor do verão. Poder ficar a ver televisão à noite depois da hora de ir para a cama, era outra. Amar também lá estava. Trocar livros com quem amamos também. E assim, num repassar da sua vida, estamos a reavaliar a nossa. E há lá coisa mais maravilhosa que esta? Podermos entrar de olhos fechados, sem saber o que aí vem, prometerem-nos qualquer coisa como “todas as coisas maravilhosas” e saímos bem mais vivos. Mais quentes. De olhos abertos. Preparados para dar. E prontos para receber. Todas essas coisas maravilhosas que a vida teima em nos continuar a oferecer.

Crítica Artística

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