Do mundo

Actores – Marco Martins

Uma peça que se concentra no trabalho puro do actor. Na construção e descontracção da personagem numa dimensão muito mais violenta. Num construir e desconstruir quase instantâneo. Com a preocupação de não espelhar um início, meio e fim contínuos. Com a preocupação de amachucar a comodidade. Num passar e repassar de emoções distintas à velocidade da luz envolvido num trabalho corporal exaustivo para cada um dos actores. Um trabalho desenvolvido em volta das memórias, vivências, peças e trabalhos anteriores de cada uma das pessoas escolhidas para um cenário vestido de laboratório experimental onde cada um deles, recorda, revive, peças e trabalhos anteriores carregados de personagens tão cheias. Mas mais que tudo, ainda tão vivas. Ali enchemos os olhos de realidade e ficção, onde uma se funda na outra e por instantes, estamos todos em palco. Na extenuante realidade que é o trabalho do actor e na excelente forma como estes cinco o fazem tão sérios e tão risonhos ao mesmo tempo. Esta peça, para além de ser um exemplo claro do que é a performance, de como se faz performance e de como se olha para a performance é também o protótipo da arte que se faz no agora e que o mundo teima em não aceitar. É exactamente aquilo que marca esta época e que num futuro distante se afirmará como “o género daquele tempo”. “A arte contemporânea do século XXI” “A arte não tradicional do século XXI”. A interdisciplinaridade marca toda a peça e mergulha em cada uma das cenas apresentadas como que nunca antes se tivessem separado, enriquecendo a mensagem de Marco Martins. A ideia “intergenial”, de Março Martins. E a todos os que a puderam assistir e ainda assim mantêm e consentem nessas ideias de que “Ah, isto também é teatro”, “Teatro? Isso também eu!”. Por favor. Alguém que toque no microfone.

 

Crítica Artística

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