Não lhe falei de ti
Falámos sobre amor. Disse-lhe que por vezes na minha vida, fazem-se ver sorrisos alheios. Daqueles que juramos não querer ver. Dos que nos fazem fugir. Dos que nos fazem tremer. Não lhe falei do teu. Ainda. Não que não quisesse contar-lhe, apenas porque não tivemos esse tempo. Mas falei-lhe de tantos outros, que o fizeram sentir-se mais um. Na verdade, penso sempre em tanta coisa, que só metade me chega a sair em palavras e por vezes, não me explico bem. Sabes como sou. Falo pelos cotovelos e deixo tudo por dizer. As últimas palavras que lhe deixei, não foram exactamente as que lhe queria entregar. Queria dizer-lhe tanta coisa… que acho que acabei por me deixar embevecer pelo momento a dois. Onde se desfez o mundo e ficámos só nós. Mas faltou isto. Falar-lhe de ti. Ainda que não fosses uma visita assídua, faltou falar-lhe de ti. Desse teu sorriso encantado, que fizeste questão de me oferecer a cada encontro de meio minuto. Nunca fui capaz de te devolver um. Um sorriso, um adeus. Nunca fui capaz de o fazer. E hoje, já não me é possível fazer-te feliz. Despediste-te do mundo de uma forma tão cruel, que me fez pensar em todos esses dias, em que te escondi o rosto. Hoje prometo-te o melhor de mim. A ti, e a todos esses sorrisos alheios, daqueles que antes, jurava não querer ver. Não são como ele. Não os quero na minha vida como a ele. Mas prometi-te que nunca mais lhes escondia o rosto. E que lhes proporcionaria, pelo menos, um bom momento comigo. Uma conversa de dois minutos. Um café de meia estação. Cientes de que não passará dali. Porque sou dele. Porque é ali que pertenço. Mas continuarei a vir cá sempre. Sempre que puder. Vou trazer-te todas as flores do mundo. Uma, por cada sorriso que não te devolvi. Agora deixo nas tuas mãos o meu caminho da felicidade. Dá-nos força! Faz-nos felizes. Promete-me que nunca mais nos despedimos com um virar de costas. Já vos apresento. Até já.
… Deixa Ser …