Para nós

Hoje sonhei contigo.

Hoje sonhei contigo. E pela primeira vez, em meses, sonhei que estávamos juntos. Sem medo de voltar a falhar. Sem pressa de nos consumar. Como se tudo o que tivemos de errado se tivesse soltado de nós. Voltámos àquele primeiro dia, onde tudo se fazia sem ideia de um fim. Tu não resistias ao meu sorriso. Eu não resistia ao cheiro que trazias contigo. Nessa doce noite, encontrei-te sob um manto de água, enquanto esperavas por mim. Seguravas um guarda-chuva com medo que o tempo fosse motivo para não me teres só para ti. Conversámos até vermos o dia seguinte nascer. E num silêncio receoso, sorrimos. Estávamos a trocar corações há horas. Estávamos com medo de nos despedir para sempre. Sem certeza nenhuma de que nos voltaríamos a ver. Acordei. E não te sei dizer o que estava a sentir. Se dor. Se satisfação. Se nostalgia. Se alívio. Se tristeza. Se decepção. Se alegria. Se vazio. Talvez fosse exactamente isso, vazio. Não sentia nada dentro de mim. Nada. E isto é o que mais me assusta. Onde é que um tudo de uma verdade de há demasiado tempo atrás, se torna num nada, tão duro de encarar. Acho que evito falar sobre ti, ler sobre ti, continuar nesse “sobre ti”, porque não encontro forma de enfrentar isto. A estranha sensação de que se não nos tivéssemos soltado, ainda serias tudo, mas que por muito pouco que procure recordar, quando me chegas, não chega nada contigo. Nem vontade de acordar sentimentos adormecidos. Nem esperança de te olhar nos olhos e ainda reconhecer esse amor. Absolutamente nada. Não é assustador? Como se fosse possível não se sentir absolutamente nada. Talvez esse sonho queira dar nome ao que sinto. Talvez seja apenas mais um de tantos outros. Estaríamos a reviver o nosso primeiro dia, ou a começar esta história pela primeira vez? Prefiro acreditar que em sonhos não existem reviveres.

Reviver uma história de amor é passar de novo por todas as suas conquistas, mas também por todas as suas duras desventuras.

Começar pela primeira vez é olhar nos teus olhos e não ter vontade de chorar.

Porque não há nada para recordar.

Vivemos num mundo em que não podemos trocar memórias e o que não queremos recordar acaba por correr atrás de nós. Mas também vivemos num mundo em que os sonhos não são vida, não são pessoas e muito menos amor.

… Deixa Ser …

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