Do mundo

Leviano – Justin Amorim

Tudo pronto? Acção!
O filme começa e apresentam-nos a família Paixão. Mãe e três filhas. Anita, Adelaide, Júlia e Carolina, Paixão. E cada uma espelha paixões diferentes. Vive, por paixões diferentes. O filme começa e nada sabemos sobre alguma delas. Mas quando termina, também não. Sabemos o que as une. Sabemos o que as separa. Sabemos que vivem sobre essa linha ténue entre o amor e o ódio. E não sabemos mais. Ou talvez saibamos. Antes. Ou até depois. Conhecemos a sua história e o que as levou até aquele dia, por intermédio de pequenos episódios, que nos vão chegando em analepses. Simpatizamos com alguns traços de personalidade, outros, nem tanto. Mas na verdade, há feitios para todos os gostos. Um constante “chega e afasta para lá” entre os actores e os seus leitores num reboliço de acontecimentos, que nos devolve sempre a mesma questão. Mas afinal o que é que aconteceu? O público prende o seu olhar no ecrã por sentir que cada cena lhe vai trazer mais pormenores. E traz. Mas não todos. Ou talvez nenhuns. É um constante saber e não saber. Conhecer e não conhecer. Que nos faz querer continuar a conhecer estas vidas porque nos identificamos de alguma forma com elas. Mas não nos podemos deixar ficar apenas pela história e interpretação deste leviano. Existe todo um lado escondido neste filme que só alguns saberão apreciar. Esteticamente, Leviano é um filme brilhante. As paletes de cores escolhidas remetem-nos para filmes e histórias que identificamos como sendo dos anos 60 apesar se sabermos que o filme se passa nos dias de hoje. E nesta primeira longa-metragem, Justin Amorim presenteia o espectador com um conjunto que planos, sequências e banda sonora que intensificam cada palavra, gesto e sentimento das suas personagens. Não é possível ficar indiferente à historia que nos é apresentada neste filme. Nem à história, nem à construção! Pela sua excentricidade, pelo seu realismo, mas principalmente, pela confusão de emoções que nos causa e nos faz ficar com os olhos colados ao ecrã. Sedentos de mais!

 

Crítica Artística

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