Para nós

Quando deixou de ser suportável para mim

Eu posso ser amor, posso ser sentimentos.

Posso ser poesia em cartas escondidas.

Posso ser um bom dia de olhos rendidos.

Posso ser desejo. Bocejo.

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Também posso ser algo menos sério. Posso ser cuidado e precaução.

Posso ser companhia.

Posso ser quem espera, quem ouve e não desanima.

Posso ser o estado emocional certo capaz de se colocar no incerto até que se torne certo.

Posso não me sentir completa e aceitar partilhar meio barco, contigo.

 

 

Posso ser tudo. Posso ir sendo qualquer coisa.

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Mas também posso não ser.

Posso não deixar que apenas te lembres de me trazer de volta quando o frio te chega e deixa de ser confortável remar sozinho.

Posso não ser o sexo de uma noite de satisfação pessoal. O corpo que usas, quando tens vontade de usar. O corpo que não usas, quando a vontade deixa de ser tua.

Posso não ser usável. Posicionável. Ou trocável. E todas as palavras que não existem mas que significam exactamente o mesmo.

Posso não ser quem permite que se use e abuse de alguém com direito ao mesmo exacto espaço neste mundo que tu. Com direito a partilhar igual ou maior respeito do que aquele que tens por ti.

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Podia ser tudo isto. Ou nada disto. E nós podíamos ser o meio termo entre o que é possível para cada um, naquele momento. Ou nada disso.

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A incerteza perde o encanto quando o espaço que um quer ocupar se sobrepõe ao do outro. Quando deixas de ter em consideração que são dois e não apenas um. E escolhes dispor as possibilidades sozinho.

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Hoje podia ser tudo isto, mas escolhi não ser.

Porque pude despedir-me quando deixou de ser suportável para mim.

 

 

… Deixa Ser …

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