Selfie – Marcos Caruso
Fomos ver o “Selfie”… e que peça! Esta história fez-nos rever um bocadinho a nossa, porque, na verdade, o telemóvel já é quase extensão da nossa mão. E é mesmo isto que é ali retratado. Cláudio, vive hiper ligado ao mundo digital e guarda toda a sua vida no seu computador, redes sociais e nuvens de armazenamento. A sua preocupação era que estes sistemas fossem sempre mais e melhores e quando se vê sem eles, perde não só toda a informação guardada como todo o seu passado.
E viver a partir dali?
É um pouco isto que, hoje, somos. Não nos orientamos sem peso no bolso. Guardamos tudo no telemóvel, reduzimos as agendas, cadernos, blocos e pensamentos a um só instrumento, que tem a capacidade nata de nos roubar tempo de vida. Perdemos mais de 4 horas do nosso dia a mexer apenas os pulgares, quando podíamos, sem dúvida, estar a explorar o mundo, sem notificações.
O papel da segunda personagem desta peça é o de nos fazer lembrar, a nós, e a Cláudio, que as memórias ainda têm lugar em nós. E que a vida tem outra cor quando olhamos para as pessoas e nos soltamos do telefone. E apenas com duas em palco, voltamos todos a ser um. Caímos em nós de consciência e reflectimos sobre esta prática.
A peça é de um humor único, carregadinho de bons momentos, que de alguma forma apaziguam o que vamos sentindo e nos fazem voltar a casa de bem com a vida, em modo de voo.
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