Para nós

Por inteira só serei tua.

Quando fizeram o mundo entregaram-nos ao tempo. Assim, sem certezas de que o amanhã se sucedia. Fizeram-nos corpo, retidos nos primeiros traços de um caminho incomensurável. Seguimos. A medo. Sem medos. Sobre os indícios daqueles que antes haviam passado por aqui. A medo. Parei. Senti-me como que trespassada pelo que não consegui segurar. Assim, sem tempo para o reconhecer. Sem meios para o conservar. Caí. Nesse vazio infindável, que nos priva do mundo e nos devolve sem chão. Caí. Na amargura de um desamor. Onde os pesares nos embaraçam o passo e o amanhã trata de esgotar a dor. Segui. Certa de que não pertencia a tão tenebroso lugar, sem que me deixasse entregar em pleno. Porque existo cravada na verdade de que por inteira, só serei tua. Sim, desde que nos tropeçámos um no outro e me desnudaram tamanha verdade. Sim, é em ti que me quero possuir, mesmo sabendo que o amanhã nos pode não vir. Quando fizeram o mundo semearam em mim detalhes distintos. Gerou-se comigo este apreço pelo amor. Existe-me. Habita-me. Desperta-me. Sem dor. Quando fizeram o mundo juraram que um dia me havias de escrever. Guardo as linhas do meu corpo em branco para que assim se deixe acontecer. Tu. Eu. Nesse abraço dos dois.

 … Deixa Ser …

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