Diz-me
Que amor é este que me enche o peito sempre que te espreito? Que me acontece sarar as marcas da alma a cada gargalhada conjunta. Que me acende este brilho nos olhos, nas noites em que me deixo afundar por dissabores tão fundos. Que me leva para perto de ti, ainda que não mais do que em pensamentos. Que amor é este? Que me diz que é por aí, mas que insiste em empurrar-me para tão longe? Que amor é este? Será de ti? Das tuas não palavras, que preferes segurar até que em mim encontres forma de as entregar? Será de mim? Que me teimo interdita a ti. Que me sabes de cor sem que de mim se soltem confidências. Será de nós? Que nos deixamos embevecer por este mistério que ressoa na voz um do outro. Será? Será que cegámos de amores pelo desconhecido? Será que eu ceguei de amores pelo que não sei de ti? Será ? Que amor é este que eu não conheço mas que me enche de urgência em conhecer? Sinto-te a descorar. Caminhas de volta para de onde fugiste. Por entre outras. Confundes-te. Confundes-me. Fica. Diz-me que é mútuo. Diz-me que ainda te é claro. Diz-me que não se findou. Diz-me. Que amor é este?
… Deixa Ser …