-
Essa brisa que há em ti
Não me sei capaz de saber o que sinto. Ou melhor, o que te sinto. O corpo caminha e eu deixo-me para trás. Ou não. O corpo caminha e eu caminho com ele. Vamos ao teu encontro. És exactamente aquilo que jurei não mais existir. Ou não. És exactamente aquilo que não esperava descobrir. É tudo tão igual e tão diferente em ti. Em nós. Todo este começar. Ou não. Trazes contigo uma leve brisa doce, que me inquieta o sorriso e me devolve o chão. Deixava que os dias corressem assim. Num reboliço de emoções. Ou não. Ou sim!
-
Não guardo nem um segundo dessa felicidade dissimulada
Os dias não esperam que me recomponha. Forçaram-me a continuar. Não temos tempo para nos reter no passado. Não temos tempo para viver no que deixou de existir. E chega uma hora em que as memórias se confundem entre emoções distantes e na verdade o que fica, torna-se impreciso. Não sei distinguir. Um ano de memórias que não se deteve dentro de mim. Fica, o que ainda resta do pouco do que não se confundiu. Entre pretextos e equívocos, entre ilusões e constatações. Fica. Pouco. Muito pouco. E num acordar, nesse acordar, já não dói assim tanto. Já não dói, nem metade. Fica, essa linha ténue da felicidade que senti nesse…
-
Conheci-te. Agora sim.
Conheço-me como quem mede todos os riscos ao milímetro. Nunca me deixo seguir por caminhos incertos. Estou certa, de que tudo seria mais simples se um dia ao desconhecido me deixasse entregar. Conheci-te. E nessa insegurança de nada saber, consenti que o tempo decidisse por mim. Deixei-te chegar. Num jeito teu que me convidou a sentar. Foste tudo o que desenhaste ser. Muito do que desejei sentir. E todas as partes que juntámos a dois se cimentaram numa verdade que geraste sobre o vento. Todos sabemos que o vento não fica. Olho para mim, nesse exacto dia, onde percebo que tudo o que eras, apenas dizias ser e entendo o…
-
Dorme comigo só mais todos os dias das nossas vidas.
O dia silenciou-se. Fechámos as janelas e deixou de se ouvir. Tiraste as tuas roupas. Tirei as minhas roupas. E ficámos ali. No aconchego dos nossos corpos nus. Bocejaste, nesse teu doce jeito de ser. Adormeci, no aconchego do teu abraço. E a noite caiu na sua pressa de acordar. O problema das noites a dois é que o tempo de olhos fechados passa a correr. Amo-te tanto meu amor. E eu a ti, minha amora. Aquece-me esse amor que respiras por mim pela noite fora. Solto-te as palavras que me fazem amar-te nu. E de repente, “tanto” deixa de ser suficiente para cobrir tudo o que te sinto. Já te disse…
-
E todas as estrelas caíram dos céus.
Entreguei-te um corpo em branco. Completamente limpo de aventuras. Sem passados, nem memórias. Sem saudade, nem histórias. Pronto, para ti. Nessa noite, no dia em que me tornaste tua, todas as estrelas nos sorriram sem que soubéssemos o que tinham para nos dizer. Fizemos do mundo um lugar desabitado. E tudo o que dele restava era esse amor que nos fazíamos sentir. Quero-te aqui. Deitado a meu lado. (Preciso de reaprender a dormir sozinha.) Num segundo éramos do mundo. No outro éramos de dois. Dois mundos distintos. Dois caminhos desprendidos. Duas vidas divididas. Um amor ferido. Quero beijar-te como se não houvesse amanhã. (Preciso de reaprender a cuidar da secura…
-
O Teatro no Colégio Piloto Diese ou será melhor chamar-lhe Jogo?
Trabalho como professora de teatro no Colégio Piloto Diese, mas de facto, ao que faço, não lhe quis chamar teatro, nem tão pouco expressão dramática, porque no fundo, tudo o que trabalhamos não é nem uma coisa nem outra. Confundimos muitas vezes as palavras “teatro” com “expressão dramática” e acabamos ainda por juntar as duas saindo um… “teatro dramático”, sem nunca pôr em causa as suas definições. Ora começando pela palavra teatro, o dicionário português define-a como: “Local destinado a jogos e espetáculos públicos, na antiga Roma; Edifício onde se representam obras dramáticas; Conjunto de obras dramáticas, geralmente de um autor, de um país, de uma época; Arte de representar; Profissão…
-
Talvez aí o mundo fosse mais feliz.
Devia existir uma forma de desconsquistar corações. Desconquistar porque perder já existe. E a perda não passará nunca disso mesmo, uma perda. Tudo termina nesse lugar onde um dia decidimos perder. O que foi. O que existiu. O que sentimos. O que vivemos. Perde-se. Com essa exacta frieza. Perde-se. E amanhã deixa de existir em nós. Mas o mundo devia encontrar uma forma não tão dura de perder. Um desconquistar. Tal como vivemos um conquistar. Passo a passo. Dia a dia. Sem pressas, sem de repentes. Aos poucos. Talvez precisemos de nos desabituar de tudo isso a que nos acostumámos. Sem que para isso fosse preciso passar por um processo…
-
Madalena do coração
Minha Amora… seguras-me o coração como se te quisesses certificar que não o deixo cair. Nem por um segundo, nem por distracção. Seguras e fazes dele tantas coisas… não passas um dia sem o confortar, sem o abraçar, sem o apaparicar, sem o animar, sem sorrir.. sem o largar. Fizeste-o teu de tantas formas que hoje o sinto mais feliz só por te olhar. Sem saberes, cuidaste mais das suas tristezas do que eu algum dia quis cuidar e curas todos os seus males, dia após dia. Abraço a abraço. Minha Amora, meu doce. É exactamente isto aquilo que mais amo em ti.. esta força que tens e não anuncias…
-
O tempo não cura porra nenhuma.
Mesmo que nos digam que o tempo se encarrega de levar a dor, desconfiem sempre. Na verdade o tempo apenas se responsabiliza por nos afastar de tudo isso que tanto doí dentro de nós. E basta-nos essa distância para doer menos. O tempo atenua. E na verdade ajuda. Porque eventualmente um dia mais tarde, quando escolhemos a hora de olhar para trás, custa menos. Já não é tão nosso. Porque tudo ficou, onde nesse dia decidimos deixar. E deixa de nos pertencer a certo ponto. Mas o tempo não cura. Digam os peritos, os entendidos, os eruditos e até os convencidos. O tempo não cura nada. Essa dor, essa mágoa,…
-
Que dor esta que me teima em não soltar
Hoje queria acordar e deixar de sentir. Em tudo o que vejo há pedaços de ti. Em cada lugar, em cada carta, em cada sonho… há tanto de ti. Dentro de mim embaraçam-se nós. De tudo aquilo que fomos ou tudo aquilo que não pudémos ser, cada vez mais apertados… Vencem-me. Sufocam-me. Até eu querer deixar de sentir. Mesmo quando me deixo dormir, há qualquer coisa cá dentro que me acorda de minuto a minuto e me rebenta num pranto infindo… As lágrimas não escoam. Nem mesmo durante a noite. Nem mesmo durante o dia. E não há meio de cessar esta dor por completo. Nem apenas por um segundo.…