• Perspectivas (Situación Actual De La Educación En Los Museos De Artes Visuales) – María Acaso

    Um texto. Em tempos, numa primeira abordagem com a mediação das artes, foi-me dado um texto. Li-o uma primeira vez, confesso que na diagonal, e percebi pouco. Li-o uma segunda e terceira vez, mais a fundo, e percebi pouco. Por momentos, senti-me sozinha, numa sala onde todos falavam do mesmo e de mim não saiam palavras. Congelei. Seria suposto eu ter assimilado alguma coisa? Seria suposto eu não ter assimilado coisa alguma? Apercebi-me de que não era a única. Algures, naquela sala tão pequena que asfixiava todas as ideias que supostamente me chegavam sobre mediação, não era a única. Outros tantos também se encontravam de pensamento vazio. Ou cheio. Confuso.…

  • Nova Iorque – Como é vivida a arte?

    “New York is made up of millions of different people, and they all come here looking for something.” ― Lindsey Kelk Será? Será que todos os que lá vão procuram efectivamente coisa alguma? Nova Iorque é definitivamente a cidade que nunca dorme e claro está que as suas artes estão também sempre despertas. Todas as manhãs os seus visitantes existem na correria pela possibilidade de imersão nas mais variadas casas das artes, tal como todas as tardes, tal como todas as noites. As organizações alinhadas de pessoas formam-se e os pequenos compartimentos de venda de cartões-de-visita esgotam todas as impressões do dia. E as horas passam. O público observa. Uma,…

  • A Nuvem – 9ª Bienal do Mercosul

    Maria Lind inicia a sua exposição em relação à questão “por que mediar a arte?” com a própria definição da palavra “mediação”. No fundo, para se discutir todas as questões levantadas por esta primeira, é fundamental esmiuçar isto: o que é efectivamente a mediação. Será realmente a transmissão pragmática de uma mensagem? Na verdade nunca chegaremos a uma conclusão. Tal como com a arte. A essa ninguém se atreve a atribuir significados, preferem viver em conformidade com a mesma fazer dela tudo aquilo que ela poder ser. Na mediação procura-se o mesmo. Não em tamanha escala, mas sim, exactamente o mesmo. Procura-se quebrar convenções, explorar novas formas de a concretizar…

  • Against Interpretation – Susan Sontag

    Até que ponto. Até que ponto! Até que ponto? Até que ponto é que nós, seres pensantes, temos este direito de acrescentar cores à obra de arte? Até que ponto é que nos cabe a nós descompor essa transparência? Essa primeira essência emaranhada em formas e conteúdos singulares, que fazem dela uma experiência irrepetível? Até que ponto?! Será esse o nosso papel? O de separar conteúdos de formas e atribuir novas interpretações à arte? Teremos mesmo um papel interventivo na arte? Esprememos a arte mimética até que dela emergisse um conteúdo. Conteúdo esse que dizíamos ser uma conjunto de elementos, próprios de cada obra, mas aos quais nós, seres pensantes,…

  • Curating And The Educational Turn – Paul O’Neill & Mick Wilson

    Humberto Eco e Rancière abordaram ambos, esta ideia de que a arte não está completa sem um intérprete. Como tal, a participação activa desse mesmo observador, a possibilidade de obra aberta, fez com que todos os conceitos de “arte”, “obra”, “artista”, “público”, “mediador” e “instituição” tivessem que sofrer reestruturações. E sendo que todos somos participantes da obra, então também as questões de “autoria” sofreram alterações e por sua vez, as noções de obra enquanto “trabalho” ou “objecto artístico”. Assim, as obras de arte desenvolveram-se sobre novos modelos de produção e até de apresentação, porque lhes foi dada a possibilidade de participação do público na sua criação e porque cresceram sem…

  • Experience Or Interpretation (The Dilemma Of Museums Of Modern Art) – Nicholas Serota

    Se eu tivesse de me pormenorizar… fisicamente, começava pelos pés. Na verdade estou ciente de que não aparento a normalidade. Em altura, sei que meço mais de quatro metros por isso sim, as minhas proporções são atípicas. Mas acredito que estes, os pés, foram gerados na perfeição. Se subirmos um pouco, encontramos o terminar do meu braço direito: a minha mão. É enorme. E precisamente ao lado, os meus genitais que não a vencem em dimensões. Não tenho qualquer ponto a apontar ao meu tronco. Aliás, julgo que se aparenta firme. Assim, antes do rosto, resta o braço e mão esquerdos que suportam, sobre o meu ombro, também ele esquerdo,…

  • A Definição da Arte – Umberto Eco

    A obra de arte enquanto visão e expressão artística. A obra de arte enquanto forma e produção artística. Croce. Pareyson. Dois filósofos que interpretaram, cada um com a sua visão, ou cada um da sua forma, a obra arte. Por um lado, o pensamento encaminha-se para a ideia de que a obra cessa no momento em que se abre espaço para a interpretação de outrem, que não a do artista. Por outro, a linha de pensamento fixou-se na ideia de que a obra se define nesse mesmo momento em que se abre espaço para essa interpretação, não comportando apenas a interpretação do artista e afirmando-se enquanto obra aberta. Uma racional,…

  • O Espectador Emancipado – Jacques Rancière

    “Hoje temos teatro sem palavras e dança falada; temos instalações e performances como obras plásticas; projecções de vídeo transformadas em ciclos de frescos; fotografias tratadas como quadros vivos ou como pintura histórica; temos escultura metamorfoseada em show multimédia, e muitas outras combinações” [Jacques Rancière (trad. José Miranda Justo); 2010; pág. 33] Chegámos a este “hoje temos” por meio de uma grande bola de neve que, pelo seu caminho, encontrou autores, artistas, espectadores, filósofos, mestres e ignorantes com um saber próprio. Na verdade, um saber capaz de arrastar tamanha ignorância até um outro patamar. “Emancipado Intelectualmente”. No fundo, um lugar onde se é capaz de apurar o saber por conta própria. Com…