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Sinto.
Há um desassossego que carregas em ti, que me leva de encontro ao teu abraço desde que te destinaste inteiro em mim. Já as estrelas nos sorriam sem que soubéssemos o que tinham para nos confessar. Já era tanto o que te sinto que não tinha mais por onde o segurar. Aquela noite fez-se perfeita. Como todos os beijos. A começar na tua pele, a terminar no meu perfume. Aquela noite fez-se nossa. Da voz ressoavam os quereres. De mim, os saberes. Sei-te no peito, nos lábios. Sei-te metade de mim. Naquela noite soube, o que é amar-te a ti. Não que o não soubesse desde esse primeiro dia que te vi. Mas…
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Em todos os dias do resto da nossa vida
Este amor que te guardo leva-me em pensamentos para aquele primeiro dia de uma enorme partilha diária. Este amor que te guardo… Que é tão meu e tão nosso, leva-me sempre até ti. Até ao momento em que será definitivamente certo que eu acordarei para o resto da minha vida sobre o teu peito. Sim, meu amor. Acordei nessa manhã e de mim só se faziam sorrisos. Senti-te o perfume que me fez apaixonar por ti, subi o rosto, aproximei-me, cheirei-te… Hmmm… esse cheiro… Não resisti. Beijei-te o pescoço e segui em direcção a ti. Esses teus lábios são tentadores…. Não me deixam que não os cumprimente a cada sorriso…
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Já te disse que te amo, hoje?
Procurei levar-te onde nos escoássemos do mundo. Para que não nos interrompessem os ruídos. Para que não nos descuidassem os murmúrios. E só se fizesse ouvir isto. Que nos incita ao abraço um do outro. E nos faz demorar, ali. Ali demorei-me em ti. Aquando interrompíamos o tempo e nos certificávamos de que o amanhã não se fazia tão cedo. Para que os segundos se permitissem tardar. E um beijo nosso se revelasse sem fim. Ali, demorei-me em ti. No sossego dessa noite amena sob um manto de emoções tão doces.. Ali, meu amor, demorei-me em ti. Entregue a uma combinação única de duas respirações trémulas que se fazem sentir sempre…
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Quando de repente não te sei explicar…
Deixa-se sentir logo pela manhã. Chega-me, como quem chama por mim. Inscreve-se. Em todos os detalhes matinais e assenta-me, como que feito para mim. Sim… deixa se sentir logo pela manhã. Num arrepio prazeroso. Sem que precise que o lembre que as manhãs são a hora perfeita para me sussurrar ao ouvido, tudo aquilo que sinto por ti. Veste-me, e faz por me não o soltar o resto do dia. Na certeza de que se estende por todos os cantos e traços da pele, que há em mim. Inteira-me. Sem resistências. Derrama-se. Por todos os lugares onde se faz proferir. E deixa… de caber em mim. Cresce. Até que se me esgotem as palavras que…
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Por inteira só serei tua.
Quando fizeram o mundo entregaram-nos ao tempo. Assim, sem certezas de que o amanhã se sucedia. Fizeram-nos corpo, retidos nos primeiros traços de um caminho incomensurável. Seguimos. A medo. Sem medos. Sobre os indícios daqueles que antes haviam passado por aqui. A medo. Parei. Senti-me como que trespassada pelo que não consegui segurar. Assim, sem tempo para o reconhecer. Sem meios para o conservar. Caí. Nesse vazio infindável, que nos priva do mundo e nos devolve sem chão. Caí. Na amargura de um desamor. Onde os pesares nos embaraçam o passo e o amanhã trata de esgotar a dor. Segui. Certa de que não pertencia a tão tenebroso lugar, sem que me deixasse…
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Segura-me
Nunca permitas que o teu abraço me deixe cair. Segura-me. A nós. Que existimos reféns desse beijo intérmino. Segura-nos. Deixa que o meu rosto te crave o peito, certo de que nos somos um só. Ouve-nos. Ocupa-se dos nossos suspiros sem que nos pergunte se nos queremos deixar possuir. Cresce. A cada toque. Sem receio de que se faça efêmero, porque sabemos que quando nos chega, não se deixa evadir. Cresce. Sempre que me olhas assim. Funda-nos raízes. Certezas de que nos queremos com todos os pormenores e pontos de exclamação. Completamente entregues à verdade um do outro. Estou tão certa de que todos os nossos acordar de amanhã serão…
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Sim!
Se a razão explicasse o porquê deste meu sorriso sem motivo, as palavras não chegavam para te entregar essa verdade em pleno. Sim. O coração acelerou quando de repente, se fez um momento em que de alguma forma te senti mais perto de mim. E a sintonia entre os nossos batimentos cardíacos resultou num sossego reboliço. Um descontrolo de emoções. Sim. Já o tinha concebido em mente, no silêncio das nossas respirações. Certa de que nunca seria como o antevia ser. Segura de que o ia gostar. Porque o queria há muito tempo. Sim. Sinto e ressinto esse inesperado primeiro beijo. Que nos levou de arrasto para todos os lugares do mundo, condenado…
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Chego-te. Quero-te.
Confundes-me as partes longe de privações. Numa combinação tua, vestes-me. Sou pormenores sem entretantos. Trechos teus, beijos nossos, enquanto respiras em mim. Abraça-me. Afundei-me contigo neste amor. Que nos segura reféns um do outro nas entrelinhas de um destino inevitável. Abraça-me. Sob as estrelas de amanhã. Envoltos nesta condição maior, abraça-me. Sou os pedaços de ontem que hoje se confirmam teus. Mesmo não certos de que a verdade que carregas se cimenta calada, em mim. Abraça-me. E certifica-te de que nenhum beijo fica por acontecer. Chego-te, neste meu trémulo primeiro passo. Quero-te, em todos os outros que juntos decidirmos dar. Abraça-me. Estou-me completamente tua. Inquieta com a hora em que te confias em mim.…
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Cheio de Nada. Cheio de mim.
Não vos distingo. Não vos sei perceber. Se por um lado atraso o passo, por outro corro por aí. Sem que se me esclareçam emoções desalinhadas. Completamente perdida. Suspensa. No desconforto desta inquietude sinto-vos. Despem-me de contornos. Reescrevem-me. Confinada aos vossos quereres, sou. Sou descoberta de saberes. Num desgaste confortante. Sou. Conheço-me, revestida dessas vossas vontades que intentam cimentar em mim. Sou. Sopro. Eis-me pó. Sustento-me refém de tamanhas incertezas. Com que me visto e existo, todos os dias. Aqui, sei-me injusta. Por tudo o que não vos digo. Por tudo o que não vos sei dizer. Aqui, sei-me nua. Como quem nunca saberá assim de mim. Aqui, sei-vos nada.…
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Não lhe falei de ti
Falámos sobre amor. Disse-lhe que por vezes na minha vida, fazem-se ver sorrisos alheios. Daqueles que juramos não querer ver. Dos que nos fazem fugir. Dos que nos fazem tremer. Não lhe falei do teu. Ainda. Não que não quisesse contar-lhe, apenas porque não tivemos esse tempo. Mas falei-lhe de tantos outros, que o fizeram sentir-se mais um. Na verdade, penso sempre em tanta coisa, que só metade me chega a sair em palavras e por vezes, não me explico bem. Sabes como sou. Falo pelos cotovelos e deixo tudo por dizer. As últimas palavras que lhe deixei, não foram exactamente as que lhe queria entregar. Queria dizer-lhe tanta coisa… que acho…