• Selfie – Marcos Caruso

    Fomos ver o “Selfie”… e que peça! Esta história fez-nos rever um bocadinho a nossa, porque, na verdade, o telemóvel já é quase extensão da nossa mão. E é mesmo isto que é ali retratado. Cláudio, vive hiper ligado ao mundo digital e guarda toda a sua vida no seu computador, redes sociais e nuvens de armazenamento. A sua preocupação era que estes sistemas fossem sempre mais e melhores e quando se vê sem eles, perde não só toda a informação guardada como todo o seu passado. E viver a partir dali? É um pouco isto que, hoje, somos. Não nos orientamos sem peso no bolso. Guardamos tudo no telemóvel,…

  • Todas As Coisas Maravilhosas – Ivo Canelas

    Todas as coisas maravilhosas é uma peça que nos leva a sentir todas as emoções maravilhosas vividas pelo seu autor. Num monólogo, na primeira pessoa, é-nos revelada, de forma bastante própria, uma lista. Uma lista de todas as coisas maravilhosas. Maravilhosas para ele. Maravilhosas para nós. Maravilhosas por serem tão simples. Maravilhosas por nos fugirem das mãos. A peça relaciona-se com a morte, mas celebra a vida. A sua personagem principal, fala-nos da tentativa de suicido da mãe e de como essa tristeza o fez começar a numerar todas as coisas maravilhosas que a vida ainda tinha para lhe oferecer. Esta força interior, que um pequeno rapaz de 7 anos…

  • Pedro e Inês – António Ferreira

    Entre a doçura das palavras de dor de Pedro, somos convidados a assistir a uma história de amor. Que como todas, não acaba bem. Pedro encontra-se mergulhado no seu sofrimento, como se de si, apenas o corpo restasse. O corpo e as memórias, que nele perduram. Este filme é-nos apresentado em três tempos, porque na verdade os desgostos de amor são de todas as épocas. De qualquer um. E esse é o propósito desta ideia. Mostrar o quão actual e futura é esta história de amor. Somos emaranhados nas palavras de Rosa Lobato Faria, adaptadas agora ao grande ecrã, desde o segundo em que Pedro abre os olhos e a…

  • Leviano – Justin Amorim

    Tudo pronto? Acção! O filme começa e apresentam-nos a família Paixão. Mãe e três filhas. Anita, Adelaide, Júlia e Carolina, Paixão. E cada uma espelha paixões diferentes. Vive, por paixões diferentes. O filme começa e nada sabemos sobre alguma delas. Mas quando termina, também não. Sabemos o que as une. Sabemos o que as separa. Sabemos que vivem sobre essa linha ténue entre o amor e o ódio. E não sabemos mais. Ou talvez saibamos. Antes. Ou até depois. Conhecemos a sua história e o que as levou até aquele dia, por intermédio de pequenos episódios, que nos vão chegando em analepses. Simpatizamos com alguns traços de personalidade, outros, nem…

  • Cassiopeia – Miguel Graça

    Miguel Graça envolve-nos, a cada texto, num constante diálogo de dualidades, coberto de segredos e incertezas. Esta sua peça foi o espelho de mais um brilhante texto, cheio de… Quantos já se amaram aqui? E quantos já deixaram de o fazer ? Traz-nos tantas dúvidas quanto certezas. Traça tantos caminhos, como descaminhos. Faz-nos deduzir uma série de relações e depois rouba-nos tudo. Num segundo eram amantes, no outro, irmãos. Num segundo era amor. No outro, dor. E somos capazes de inferir tudo isto, acreditando em todos os cenários que as personagens constroem e nos fazem crer que estamos certos. E apenas existia um sofá, 55 plantas e dois bancos. 55…

  • Medeia – João Garcia Miguel

    Ali, naquele palco, naquela sala, encontramos Medeia. Uma Medeia sem medo que nos toca com o seu desespero, a sua dor, a sua loucura e o seu amor.. Esta nova criação de João Garcia Miguel apresenta-se num palco praticamente desprovido de materiais mas que se enche, em toda a peça, quando atravessado pelo fantástico desenho de luz e pelo trabalho de som que acompanha cada fala, numa doce composição para piano. Todo este trabalho de produção espelha as emoções explosivas de Medeia, personagem retratada pela actriz Sara Ribeiro que nos oferece sempre uma experiência vulcânica de si. Com ela, temos o prazer de ver o palco ser engolido pelo seu…

  • Dédalo -Miguel Graça

    Um texto que nos enche de um nada que nos diz tudo. Que nos leva numa viagem incessante por entre palavras que todos conhecemos e histórias que já todos vivemos. Aproxima-nos. Afasta-nos. Faz-nos conceber em mente cada uma das descrições narradas e coloca-nos em cada uma delas, como se fôssemos essa quarta pessoa de que tanto se fala mas que nunca se vê. Num reboliço de emoções, peripécias e desilusões, dois actores, presentes, e um autor, ausente, cansam e conquistam-nos o pensamento entrando e saindo da realidade, somando pitadas de ficção. Contam-nos as suas histórias sem nunca sabermos o quanto suas são mas falam-nos desse aqui e agora onde temos…

  • Actores – Marco Martins

    Uma peça que se concentra no trabalho puro do actor. Na construção e descontracção da personagem numa dimensão muito mais violenta. Num construir e desconstruir quase instantâneo. Com a preocupação de não espelhar um início, meio e fim contínuos. Com a preocupação de amachucar a comodidade. Num passar e repassar de emoções distintas à velocidade da luz envolvido num trabalho corporal exaustivo para cada um dos actores. Um trabalho desenvolvido em volta das memórias, vivências, peças e trabalhos anteriores de cada uma das pessoas escolhidas para um cenário vestido de laboratório experimental onde cada um deles, recorda, revive, peças e trabalhos anteriores carregados de personagens tão cheias. Mas mais que…

  • O Teatro no Colégio Piloto Diese ou será melhor chamar-lhe Jogo?

    Trabalho como professora de teatro no Colégio Piloto Diese, mas de facto, ao que faço, não lhe quis chamar teatro, nem tão pouco expressão dramática, porque no fundo, tudo o que trabalhamos não é nem uma coisa nem outra. Confundimos muitas vezes as palavras “teatro” com “expressão dramática” e acabamos ainda por juntar as duas saindo um… “teatro dramático”, sem nunca pôr em causa as suas definições. Ora começando pela palavra teatro, o dicionário português define-a como: “Local destinado a jogos e espetáculos públicos, na antiga Roma; Edifício onde se representam obras dramáticas; Conjunto de obras dramáticas, geralmente de um autor, de um país, de uma época; Arte de representar; Profissão…

  • Dia Mundial Da Poesia

    O amor, quando se revela, Não se sabe revelar. É ferida que dói, e não se sente; De alguém que finge completamente. Que é dor, A dor que deveras sente. O amor, quando se revela, Não se sabe revelar, São lágrimas impotentes, De quem não sabe o que dizer. Falam: parece que mentem… Calam: parecem esquecer… Olha então, essas tuas mãos vazias, No maravilhado espanto de saberes De quem quer dizer o que sente, E se acomodou ausente. Hoje não sei, nem pergunto Como é que antes o sabiam dizer, Amamos hoje, mais do que ontem, Vivemos reféns deste prazer. — Compilação para “Dia Mundial Da Poesia” – Artes Performativas…